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A mostrar mensagens de julho, 2017

Citação 5: Lutero


The mind is unable to judge the truth as such, although it is compelled to say, when entirely confident, "This is true." For example, the mind declares with infallible assurance that three and seven make ten, and yet it cannot adduce any reason why that is true, although it cannot deny its truth.

Martin Luther, The Babylonian Captivity of the Church, 1520


Tropeços de língua


Há uns dias vi no Facebook uma foto de um amigo de outro tempo, nos Açores, com o seu filho pequeno. Estavam numa jantarada nas festas Sanjoaninas de Angra do Heroísmo. Ao que parece o rapaz come bem, tal como o pai. O pai, incontido, comenta:

“Quem sai aos seus não desdenha!”


Isto fez-me lembrar imediatamente um episódio muito anterior que presenciei antes de ter deixado os Açores. Um amigo vinha passar os dias à quinta onde eu trabalhava com o meu pai sempre que não havia escola. Era uma tarde morna de Verão e estávamos a fazer piquenique à sombra de umas árvores quando ele deixou cair das mãos um pedaço de melancia sobre a terra. Apressou-se a juntá-lo do chão e, contemplando-o sujo, disse decisivamente:

“O que engorda não mata.”

E meteu-o à boca.  

Citação 4: Lutero


Learning, wisdom, and writers must rule the world.

[Frase atribuída a Lutero, mas é provavelmente espúria.] 


Duas ideias sobre o tempo


Quanto ao tempo, existem dois erros comuns. O primeiro é pensar-se que tudo no passado foi melhor do que no presente. O segundo é pensar-se que tudo no presente se transmudará para melhor no futuro. Ao primeiro erro subjaz a ideia de que com o decorrer do tempo tudo no mundo tendeu para pior. Ao segundo subjaz a ideia geminada de que o progresso mudará tudo para melhor. Um produz o saudosismo, o outro, o progressismo – dois sentimentos contraditórios. Mas os erros são, no fundo, só um, qual Janus, de dois rostos, unidos pela nuca. Um rosto atirado para a frente, o outro atirado para trás; ambos senhores do tempo e dos homens, fatalíssimos. Saudosismo e progressismo, o mesmo erro medonho projectado em sentidos opostos. 

O tempo melhora o vinho mas também é o que o azeda.