Hostilidades para com a Reforma Luterana no ano de 2016


1. A história mostra que os irrevogáveis papais são como o irrevogável do Paulo Portas – não são irrevogáveis. Uma condenação por heresia precipitada e, principalmente, instintiva, como a que Leão X consignou a Lutero, nem sempre permanece inalterada. Uma acção precipitada pode ser só uma acção precipitada.

2. Não sou um leitor cego de Lutero; sou um leitor crítico, tal como sou crítico de tudo o que leio.


3. Alguém que tenha lido Lutero e conclui que ele ensinou que as obras não servem para nada não leu Lutero – leu apenas o seu preconceito. A raiva inebria e empece o juízo.

4. É verdade que Lutero ensinou que as obras não são necessárias para a justificação (salvação). Para ele, a justificação acontece completamente pela graça, o que reflecte o ensinamento de Paulo. No entanto, Lutero não ensinou que as obras não são necessárias de todo: elas são ordenadas por Deus e são benéficas para o próximo.

5. O ódio que um certo catolicismo ainda hoje tem por Lutero está desactualizado e é tendencioso. A história ensina que o ódio, quando não é temperado com bom senso, é danoso e inútil. Uma parte assinalável dos autores em que reconheço génio defendem ideias opostas às minhas. Não há mal nenhum em ter-se apreciação e respeito por alguém de quem discordamos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Teolinda Gersão: Lançamento de Alice e Outras Mulheres

Leituras de Verão (2)

Leituras de Verão (5)

Pelo natal de 2015: considerações mais ou menos desconexas

Metáforas bélicas

John Donne: "A Hymn to God the Father" – e Carl Schalk