Não há nada que me apeteça dizer pelo Natal deste ano, ou, talvez, haja. É que não pensei antecipadamente, e agora já é a véspera, tarde de mais para pensar com vagar ou em demasia. A página branca é uma coisa inquietante – é a angústia e a surpresa. Mas deixar o dia sem uma palavra, por pequena que seja, é, nesta altura, o menor tributo que poderia prestar a um dos dois pontos maiores da celebração cristã deste lado da eternidade. Talvez chegue um dia em que escrever não seja, para mim, tão importante, e que tudo o que pense, viva ou diga se reporte à esfera da intimidade. No entanto, não o antevejo breve. Há uma relação com a página branca que me atrai e aflige, talvez um conflito visceral com o vazio; não, contudo, com o silêncio, porque a música é, principalmente, um fenómeno mental. O Natal. Que não o passo com a minha família não é, para mim, novidade. A novidade é que o passo com uma família que é como se fosse minha. Conheci-a há dez anos, nunca mais a vi e parece que n
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